A Nana viu na arte uma maneira de expressar toda a sua forma de ver o mundo.
Vinda de Ribeirão Preto me apaixonei por São Paulo durante a faculdade de arquitetura, ali encontrei minha profissão e meu marido. Por muitos anos atuei em projetos residenciais, bancários e hospitalares que no momento me preenchiam mas sempre senti uma pontada estranha, como se estivesse faltando alguma coisa.
Quando as crianças nasceram percebi que nunca conseguiria conciliar meu ritmo de trabalho com o tipo de maternagem que havia escolhido e aquela pontada foi crescendo e crescendo.
Entendi que o que eu queria era criar, desenhar, pintar, fazer coisas bonitas e ser feliz.

Jonny me incentivou a fazer cursos para encontrar qual seria meu novo caminho e assim em uma aula qualquer descobri a estamparia e foi isso, me apaixonei e nunca mais parei.


Em algum curso online uma das participantes perguntou no chat sobre dicas de lugares para impressão em pouca quantidade, nas respostas veio o nome da Avro, senti aquele frio na barriga e a partir dai tudo mudou, no mesmo dia ja mandei meus arquivos, as peças foram produzidas e nasceu a HausFrau, que agora começou a dar seus primeiros passinhos mas pra mim já é uma gigante.
Há alguns anos, eu, meu marido e meus filhos fomos passar uma temporada na Alemanha, lá eu fiquei totalmente voltada para os cuidados da casa e das crianças, me lembro da sensação boa de ter esse tempo com eles mas também da inquietação que as vezes me dominava, uma vontade louca de produzir, criar, fazer e acontecer, ao pensar no nome para a marca aquele sentimento voltou com tudo, HausFrau significa dona de casa em alemão por isso achei que seria o nome perfeito.
Criar estampas sem briefing externo é muito libertador, tudo serve como inspiração precisamos apenas estarmos abertas e atentas. Tem uma estampa que gosto muito chamada “Bad Banana” a ideia para ela surgiu enquanto eu assistia o filme Grinch com meus filhos, tenho muitas estampas que foram inspiradas em frases, músicas, documentários e pessoas, andar com um caderninho de notas é essencial. Acho importante também não romantizar muito o processo de inspiração e criação, muitas pessoas me dizem que sou criativa e tenho facilidade com isso ou aquilo, mas não é verdade, após aquele insight de inspiração começa a fase mais demorada e cansativa, pesquisa de referências. Nada surge do nada, eu tenho pastas com mais de 180 imagens que compilei no processo de criação de uma estampa simples. Após a faísca inicial, eu entro numa viagem, estudo tudo o que encontrar sobre o assunto, vejo o máximo de imagens já feitas sobre o tema que estiverem disponíveis, até encontrar todos os meus personagens e cenários, depois faço o mesmo com a coloração.
Existe um longo caminho cheio de curvas, buracos e retornos, desistências e sucessos até o arquivo estar finalizado para impressão, a sensação de olhar pra tela e ver que consegui contar a história que eu queria com aquela estampa é maravilhosa, recosto na cadeira, sorrio e mando pra Avro.
Hoje a HausFrau, produz camisas e regatas, mas logo já teremos vestidos, kimonos e camisetas. Meu desejo é conseguir cada vez mais ilustrar liberdade, autenticidade e atitude através de estampas que contam uma história.